sexta-feira, 6 de abril de 2012

Eu e religião

Acho que chegou a hora de desabafar sobre a minha visão sobre religião e afins.
Fui criada com meu pai e avô reverendos de igreja anglicana, enquanto a gente é criança o que é deus é algo muito confuso, como vi esses dias um filosofo ingles falando, a idéia de acreditar em deus era como a ideia de acreditar em vacas, te falam que está lá, e mesmo que você nunca tenha visto uma, sendo criança você com certeza vai acreditar.
Meu pai me levava na igreja todo domingo, a criança gordinha que sempre fui, no começo adorava porque tinha almoços de comida japonesa e churrasco no final, preparado pela comunidade da igreja na cozinha que tinha nos fundos, eu lia algumas passagens da biblia em frente de todo mundo porque meu pai pedia, o que era um sofrimento porque eu era (e sou) extremamente timida. Depois de um tempo tudo aquilo foi me parecendo tão sem sentido que comecei a inventar desculpas para não ir pra igreja, assim como fazia num dia de preguiça de ir pra aula hahahah, era dor de cabeça, era enjoo, era um pouco de tudo. Até que finalmente, consegui escapar de ir nos cultos (a ultima da familia, primeiro a minha mãe, depois minha irmã) o que foi um alivio enorme pra mim.
Não vou mentir, antes de ficar de saco cheio daquele ambiente eu tentei aprender mais, li a biblia, tinha santa no armario, um terço cor de rosa, (devia ter uns 6 anos de idade) mas simplesmente com o tempo fui percebendo que eu, do fundo da alma, não acreditava em nada daquilo.
Depois disso comecei a estudar outras religioes, vivas e mortas, e obvio que algumas tinham aspectos que eu concordava, mas nada daquilo fazia realmente parte de mim.
Eis que surgiu o questionamento básico, eu realmente preciso seguir uma religiao? Até aonde eu sei sou uma pessoa livre, porque não simplesmente seguir o que eu sinto? Não me perguntem quantos anos exatamente eu tinha quando percebi que por definição devia ser atéia, mas deve ter sido lá pelos 12 anos de idade.

Ok. Introdução feita, agora que vocês sabem o porque sou "assim", vou mostrar minha opinião sobre igreja.

Como eu disse, cresci dentro da igreja Anglicana, meu pai sempre foi um homem bom, trabalhava em uma editora além de trabalhar na igreja, nunca teve uma vida luxuosa, dava aula de musica para cegos entre outras coisas desse tipo que, na minha cabeça, é o que a igreja deveria representar, alguém que está ali pra guiar, ajudar a comunidade, sem preconceitos, sem luxos.
Meu avô era um homem inteligentissimo, dava aulas em faculdade, foi vice reitor, tinha uma vida mais luxuosa porque tinha dinheiro vindo do seu outro trabalho, e sempre ficou claro para a familia que ele via religião mais como filosofia do que qualquer outra coisa. Esses foram dois exemplos que eu fui exposta desde pequena, pessoas que viam religião de maneira diferente, mas que não esfregavam isso na cara de ninguém, que não obrigavam ninguém a seguir o seu jeito de encarar a espiritualidade e muito menos destratavam alguém somente por não ter a mesma crença. Fui criada em um ambiente aparentemente raro hoje em dia.

Meu problema atual com religião é o seguinte: nenhum, se você respeitar o fato que eu simplesmente não acredito em deus, nem no diabo, nem em iemanjá, nem em zeus e que não é da sua conta se eu vou pro inferno, se eu vou pro limbo, se eu vou reencarnar como uma noz ou um cone de estrada, isso é problema meu, assim como eu não me intrometo que acho errado quem paga o dizimo, ou que acho hipocrita quem não come carne em um dia como hoje, sexta feira santa, mas tá ai, se drogando, se matando e afins.

Agora infelizmente, toda vez que você diz pra alguém que é ateu, se essa pessoa for religiosa, acreditem em mim, as chances de ouvir um "credo!!! Você vai pro inferno! Mas como você vive sem deus? Daonde você tira a tua espiritualidade?". Gente!!! É tão absurdo assim de entrar na cabeça dessas pessoas que eu simplesmente vivo bem, vivendo? Sem temer um inferno, julgando o que é certo ou errado por mim mesma, acreditando que ser uma boa pessoa é bom simplesmente por ser algo digno, não porque se eu fizer diferente vou pro inferno, é tão dificil assim entender isso?

O que me preocupa é a onda de intolerancia que anda se espalhando, propagada especialmente pelas novas igrejas protestantes, e a propria onda de igrejas protestantes crescendo cada vez mais.
Não digo somente contra ateus, mas contra outras religiões e homossexualismo, o ultimo lindamente representado por esse video:




E agora, que cada segundo mais religiosos sobem no poder do nosso suposto estado laico, e ao invés de se preocupar com maneiras de melhorar o estado deploravel que está o nosso pais, passam o tempo criando projetos como o dia contra o sexo anal de Myrian Rios. Me digam se isso é algo que o estado teria que se preocupar ainda mais em um pais problemático como o Brasil? Isso não devia passar nem perto de algo pensado por alguém que deveria se preocupar com leis de verdade.

Falando em estado laico, dois links interessantes sobre como é dificil achar uma escola laica no Brasil, e os problemas que surgirão quando você tenta debater isso:
http://buenaleche-buenaleche.blogspot.com.br/2012/03/ateus-e-agnosticos-esses-seres.html
http://pequenoguiapratico.blogspot.com.br/2012/04/religiao-na-escola-mas-oe.html
Inclusive o segundo link comenta sobre o menino que sofreu bullying por não querer rezar, com aprovação da professora, alguém me explica esse sadismo que alguns religiosos tem em relação a quem não acredita? Não diz na biblia pra amar o próximo como ama a si mesmo? Gente os crentes tem uma auto estima TÃO BAIXA ASSIM?

Vou terminar o post com dois videos lindos que vi hoje:




Pra mim é simples, não concordo com a conduta de diversas igrejas, mas vou respeitar enquanto ninguém estiver enfiando suas crenças pela minha goela abaixo. Infelizmente isso parece mais dificil cada segundo mais.